Capitulo 1 – Mudança
“Por mais que desejemos mudanças, às
vezes não estamos preparados para elas.”
Hoje é mais um dia como os outros, nessa mesma rotina que vivo sempre os dias, poderia acontecer qualquer coisa para mudar minha vida, mas não, já faz tanto tempo que não acontece nada de interessante e olha que vivo em uma cidade grande da capital.
Meu celular acabou de despertar, é hora
de ir pra escola, hoje retornam as aulas e vou voltar para aquele inferno onde
estudo. A única coisa que salva aquele lugar, são meus amigos, por eles vale a
pena fazer esse sacrifício de acordar cedo e ir.
Como inexplicavelmente ando acordando
muito cansada suada nesses últimos dias, achei melhor tomar banho antes de ir.
Debaixo d’água morna tento me lembrar do
que se tratavam alguns sonhos estranhos, sempre começam de um jeito diferente,
mas acabam com o mesmo final, todos que mais amo morrendo e eu não podendo
fazer nada para impedir isso, o pior é que no sonho era como se eu quisesse
isso e de alguma forma estivesse ajudando a matá-los, isso era assustador.
O pior é que sempre tinha um homem
nesses sonhos e era ele quem matava á todos e quando terminava se encaminhava
para perto de mim, com olhos incrivelmente azuis, ele parecia querer algo
comigo e não querer me fazer mal, mas quando menos esperava, ele me atacava,
acordava suada e com a respiração acelerada.
Não sabia qual era o significado desses
sonhos e na verdade não me interessava, só queria que acabassem de uma vez por
todas.
- Droga. – Como sempre acabo perdendo a
noção do tempo quando fico pensando nesses sonhos, meus amigos acabaram de me
chamar e ainda estou aqui no banho.
Desligo o chuveiro, me seco rapidamente
e vou me trocar, para meus amigos não cheguem também atrasados na escola, falo
para eles irem e termino de me arrumar.
Quando saio de casa faltam apenas 5
minutos para a hora da entrada, vou quase correndo. Felizmente chego em cima da
hora, esse é o único lado positivo de morar perto da escola, assim que entro em
sala de aula, o sinal toca. Vou em direção aos meus amigos, que graças a Deus,
guardaram um lugar pra mim.
- Nossa Amanda já chegou atrasada no
primeiro dia de aula, parabéns bateu seu próprio recorde! – Lilian falou
sarcasticamente assim que me sentei.
- Bom dia pra você também Lilian! –
Respondi no mesmo tom dela – Bom dia a todos.
- Bom dia! – Todos meus amigos me
disseram.
Todos pareciam animados no primeiro dia,
todos os professores tiveram dificuldades em manter o silêncio. Eu era a única
que não estava parecendo muito animada e não via à hora de chegar em casa. Mas
parecia que o tempo estava retrocedendo ao invés de avançar.
Quando pareceram dias que estava lá,
tocou o sinal, mas não era o da saída, ainda era o do intervalo, tinha se
passado apenas duas horas e quarenta minutos, ainda nem estava na metade do dia
de aula.
No intervalo fomos para a mesa que
sentávamos desde a quinta série e como já estávamos no terceiro ano do
colegial, já fazia bastante tempo.
Não estava com fome, então achei melhor
colocar meus fones de ouvido e entrar em um mundo só meu e pensar.
Realmente não sabia o que estava
acontecendo comigo, sempre gostei daquilo, o primeiro dia de aula era sagrado
pra mim, sempre vinha super animada para contar minhas novidades e saber a dos
outros.
Também sempre gostei de estudar,
aprender era o que mais gostava e minhas matérias favoritas são biologia e
matemática.
Mas tudo está diferente nesse ano, estou
sem paciência com tudo e prefiro ficar quieta no meu canto, não tenho mais
vontade de aprender nada e não vejo á hora de estar em casa.
Aquela meia hora de intervalo pareceram
apenas cinco minutos, a música com certeza me distrai. Tive mais três aulas
super chatas e entediantes, quando tocou o sinal da saída, fui a primeira a
sair da sala.
Os próximos dias, semanas e meses foram
todos assim, sinceramente não sabia o que estava acontecendo comigo, todos
pareciam preocupados como ando me comportando, então fingi que estava tudo bem
para me deixarem em paz, às vezes uma pequena mentira dá menos dor de cabeça do
que realmente dizer a verdade.
Agradeci aos céus quando finalmente
chegaram às férias de verão e pude ficar sozinha em casa sem ter ninguém me
perguntando a cada cinco minutos se estava bem.
Estava muito estranha e tinha que
admitir isso, mas não sabia como mudar essa situação.
Muitas vezes acho que estava assim por
causa daqueles sonhos que ainda tenho, eles ficam cada vez mais assustadores e
isso me apavora e me tira o sono todas as noites.
Depois de uma semana sem quase sair do
meu quarto, resolvo ir ao cinema, mas só porque minha mãe não parava de me encher,
falando que eu iria ficar doente se não saísse um pouco de casa, pelo menos de
vez em quando para me divertir.
Pensei em chamar meus amigos para irem
comigo, mas preferi ir sozinha mesmo, minha mãe não gostou muito, mas como isso
era o único jeito de eu sair de casa um pouco, ela concordou.
Decidi escolher um filme de comédia para
ver se me divertia um pouco, mas não adiantou muito, todos riam em várias
ocasiões, mas eu não via nenhuma graça.
Depois de assistir aquela comédia decidi
assistir outro filme, só que agora um de suspense e ainda em 3D, esse filme sim
realmente gostei, era muito interessante e envolvente, gosto de filmes assim,
ainda mais em algumas partes realmente assustadores que todos gritavam, em
vários momentos comecei a rir de tão ridículo que era a cena.
Depois de assistir a dois filmes, comer
a dois baldes de pipoca e beber um litro de refrigerante, achei que já era hora
de ir embora, como morava perto resolvi ir andando, estava uma noite bonita com
várias estrelas no céu.
Havia várias pessoas na rua como em
todas as sextas à noite, tudo muito normal, estava quase chegando perto na rua
onde moro, ali era bem escuro e não havia ninguém em nenhuma direção, quando
alguém tampa minha boca para eu não gritar, fiquei muito assustada e me debati
para tentar escapar, tudo isso em vão.
- Shiiih acalme-se, tudo vai terminar
bem, vou fazer uma coisa que um dia você vai me agradecer, mesmo que isso
demore um pouco! – Ele disse e tentei me soltar e gritar – Não adianta, você
não vai conseguir escapar. Bem, vamos acabar logo com isso, tenho coisas a
fazer e esse é apenas o primeiro passo para sua transformação!
Transformação? Essa foi à última coisa
coerente que consegui pensar antes de sentir uma enorme dor em meu pescoço, uma
dor angustiante que nem saía o som do meu grito, quando ele parou estava fraca
e não tinha todos os sentidos, ele colocou algo em minha boca, não pude
identificar o que, era algum tipo de líquido que no começo queimou minha
garganta, mas depois foi até prazeroso, e sempre queria mais, era realmente
algo viciante. Devo ter bebido cerca de meio litro daquele saboroso líquido,
até que desmaiei.
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